terça-feira, 31 de julho de 2007

Ele pediu, mas eu não obedeci! Sou teimosa... A teimosia será a minha ruína!!! Ou não? Afirmações *caetanescas...rs!

http://www.oifm.com.br/programas_template.php?id=8421&idp=19
[duas horas de música com The Buckleys... Tim & Jeff]

Opened Once

I once was open
And one with a travelling heart
I loved this sweet guy

Just like the fiction
Rushing in your riverbed
Arise like applause in my head

And in the half-light
Where we both stand
This is the half-light
See me as I am

Just like the ocean
Always in love with the moon
It’s overflowing now
Inside you

We fly right over
The minds of so many in pain
We are the smile of light that brings them rain

In the half light
Where we both stand In the half light
You saw me as I am

I am a railroad track abandoned
With the sunset
Forgetting
I ever happened
That I ever happened.
Jeff Buckley

sábado, 28 de julho de 2007

Apollo 17 fotografou a Terra em 1972...


Words to no one...

Rubem Alves diz que leva seus olhos para passear.... e eu, sempre que posso, saio para longas caminhadas para refazer meus pensamentos, fazer exercício, passear, pensar ou qualquer coisa assim. Hoje levei meus olhos para chorar...
Existe um ponto na minha cidade que eu elegi como um lugar estratégico. Ele é só meu. Todos temos nosso lugar de poder, segundo a Tradição Americana Nativa. Esse lugar de poder é basicamente um lugar pessoal de conexão com a Mãe Terra, Gaia, ou Pacha Mama. Cada centímetro dela é sagrado e qualquer espaço pode servir como centro de energização para alguém. Dentro dessa Tradição, acreditamos que a Terra é um Ser Vivo. Quando um ser humano se dirige a um Lugar de Poder, a atenção da Mãe Terra é direcionada para aquele ponto, e a energia começa a fluir mais fortemente naquela área, já que tanto nossos corpos quanto o dela estão carregados de eletromagnetismo. Cada vez que um ser humano procura conexão com a Terra, a Mãe Terra está presente, pronta a nutrir e oferecer consolo. Mas não é disso que quero falar agora. Quero falar sobre as lágrimas, sobre meu sofrimento e minha preocupação.
Ontem, na palestra, Leonardo Boff nos deu um ultimato. Se não mudarmos nosso padrão de comportamento, os próximos 30 anos serão de muita miséria, dor e destruição. O homem está aos poucos destruindo a Mãe Terra que há milênios nos serve de morada e fonte de alimento.
Seguia meu caminho, neste dia que terminava, com a Lua nascendo no horizonte. Fim de tarde melancólico, tons liláses, púrpuras se misturavam à neblina que começava a tomar conta das montanhas. Olhava a Lua muitas vezes pelo caminho e dentro de mim as certezas se confirmavam. Ela estará lá da mesma forma que a estou vendo hoje. Intacta. Bela. Inóspita. Nós não.
A Terra, na realidade, está se desfazendo aos pouquinhos daquilo que a perturba. Como uma febre que se instaura em nosso organismo para matar um vírus que se apossou de nosso organismo e nos deixa doentes...
Na minha andança, pensei na minha prima Mariza, que já se foi desta vida e continua em outra zelando por nós com seu sorriso. Lembrei de Drummond com seu verso "Preferiram os delicados, morrer"... voltei a ver o olhar da minha prima Mariza, de seu sorriso... A Terra anda como ela nos seus útlimos tempos de vida. Eu sabia que ela estava muito doente, mas seus olhos transbordavam vida e intensidade. Seu sorriso era claro e inebriante, como a Lua que vi hoje no céu do fim da tarde. Por que estou dizendo tudo isso? Estou tentando fazer uma metáfora entre a agonia escondida da Terra e a morte delicada da minha prima, a maneira que ela escondia de todos que ela estava no fim.
A Terra anda assim. Quando vejo as flores, a beleza da minha cidade e de sua natureza, as vitrines, as pessoas bonitas pelo caminho percebo que a Terra tenta esconder de nós que ela está doente também. E nós vamos suaves, pisando no chão que é dela, calçamos de cimento seus caminhos, construímos prédios em seu braços, em seus flancos... Retiramos seu sangue para nos saciarmos. Cortamos seus cabelos para nos sentirmos aquecidos e resgardados do tempo... E ela nos olha como a Lua triste que vi no céu hoje. Olha-nos com olhar de cão doente, dizendo "me tire disso, não quero morrer! Tenho tanto tempo pela frente".
No caminho de volta, naquele ponto de que lhes falei um pouco acima, cai num choro convulso, num choro doído, num choro melancólico. Vi dentro de um carro dois namorados... Pensei nas pessoas que passaram pela minha vida, nos homens que me fizeram bem, Maurício, Alencar... Pensei em quanto amor as pessoas ainda têm por viver... Neste instante lembrei novamente nas palavras de Leonardo... é preciso reinventar o amor, a afeição, é preciso voltar a cuidar daqueles que precisam, que se rompam as barreiras do preconceito, que não haja mais distinção entre raças, crenças ou culturas... O homem precisa amar o seu semelhante, os animais, as flores, a natureza como uma extensão de seu corpo porque todos nós somos unos, no sentido de que somos partes de um organismo vivo, que é a Mãe Terra.
Seu recado foi fluindo dentro de mim e do meu choro que se acalmava. Olhei mais uma vez a Lua entre as árvores da avenida. Percebi sua luz deixando-me ver o amarelo dos Ipês que começam a florescer meio indecisos pela ação do tempo. Nenhuma beleza conseguiu me fazer plena naquele momento. Segui triste para casa como se tivesse saído de um velório e perdido alguém precioso, como se tivesse abortado um filho tão esperado.
E escrevo agora minhas palavras para ninguém...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Este é o que a Sheila gosta....

Trigal

Teu rosto é pedra.
Teu sorriso, joio.
Mas teu ar é trigo e deita complacente na terra plana.
E varre vento e toca folha.



Saber sofrer é destino.
É como brilho de Lua
Que rouba nuvem,
Pastagens do céu.



Um dia fiz um vestido de pano estampado.
Era jardim primavera.
Fui no baile, dancei.
Depois esqueci o vestido, vendi por uns tostões.
Não quis.
Envelheci 20 anos .


Hoje me lembro do vestido
De saia rodada, primaveril.
O tempo é engraçado.
Ele volta,
Não quer ir embora nunca.
Rejuvenesci 40.
“A dona parece que tem cinco anos!”
Assim disse a menina, sorrindo da carteira da escola,
Cúmplice dos meus desejos.

Outros vários poemas de minha autoria...

Alento

Explicar o que sinto é besteira,
é ciúme, é qualquer coisa ruim acomodada de pouquinho
Feito farelo de grão que te entra no olho
Com o vento...
Finge que é grão
E chora
O choro grande do sofrimento,
Da manha de menino levado,
Do menino perdido.
É isto o que sobrou pra mim.
Então guardo as conchas, as pedras, as fotos de outros tempos.
Já não sou mais menina
E ajo como se fosse.
O amor vem em qualquer época
Inventar que é menino.
E não sossega!

Frases marcantes do SIMEG no dia de hoje...

"Você existe para fazer diferença no mundo."
"Você seria seu aluno?"
"O conhecimento só de justifica enquanto útil para a sociedade."
"Seja um professor cozinheiro."

"...Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes..."

Guilherme Davoli (www.guilhermedavoli.com.br)

"Se você está tranquilo é porque está mal informado."

"O aluno estuda para a vida."

"Há momentos de pausa em uma orquestra, para que haja uma sequência da música no momento seguinte. Neste silêncio, a única pessoa que se mexe é o Maestro. A nossa vida pode ser comparada a uma orquestra. Há momentos de música e encantamento. Em outros, há a pausa, o silêncio, e, nesse momento quem rege nossa vioda é o criador. Devemos escutá-lo a fim de transcendermos nossa existência e nossa missão aqui na Terra."

Gabriel Perissé

Depois falarei sobre o efeito borboleta que Leonardo falou em sua palestra...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Pelo menos algo alentador em minha profissão...


"O Professor não pode, nem faz tudo, mas é a aposta mais confiável na qualidade da Escola."
Pedro Demo

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Este poema eu li no Site do Rubem Alves

THE ROAD NOT TAKEN
Robert Frost

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I could
To where it bent in the undergrowth
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:

Two roads diverged in a wood, and I
-I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Ele fala das escolhas que temos de fazer entre duas estradas a seguir, dois caminhos... Ele pegou o caminho mais curto e isso fez toda a diferença... vou entender melhor as palavras e depois traduzirei...



Hoje foi meu primeiro dia de SIMEG... O Rubem Alves deixou um pouco a desejar... Acho que foram as grandes expectativas de todos...

Gostei bastante de um texto que veio junto com os folders dos palestrantes... para os próximos dias, terei imagens do dia de hoje!
Se um Cachorro fosse seu Professor...

Você aprenderia coisas assim:
Quando alguém que você ama chega em casa,
Corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade de ir passear de carro.
Permita-se experimentar o ar fresco do vento em seu rosto.
Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.
Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquido e deite-se debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro te magoe, não se sinta culpado...
Volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda se o que você não é.
Se você quer se deitar embaixo da terra, cave fundo até conseguir.
E o MAIS importante de tudo...
Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações!!!
E nós precisamos aprender isso com um animal que, dizem é irracional...




domingo, 22 de julho de 2007

Só mais uma!!!

Twenty-nine pearls in your kiss
A singing smile
Coffee smell and lilac skin
Your flame in me...

I know everybody here wants you...

Menina do anel de Lua e estrela... Raios de Sol no céu da cidade...

~.~.~.~ SETEMBRO ~.~.~.~

Hoje é tempo de Setembro.
Mês de luxo
É quando chove
E a neblina dos restos de inverno
Nascem com o dia
Tingindo de branco nuvem as montanhas da cidade.


Hoje não pensei em amor.
Pensei em você com carinho.
Pensei que as coisas que vêm
São como embalagem de produtos árabes
Tão longe, tão simples, tão primitivos.
Sabores ancestrais da casa da minha tia.


Setembro tem gosto de anis
Tem gosto de pão fresco saído do forno
Tem gosto de matizes de linhas que tecem bordados
Tem gosto de jabuticaba
Tem o gosto da meiguice de amor começado.


Foi num Setembro
Junto com os Ipês amarelos das praças
Que você retornou
Mas hoje não falei de você com amor.
Falei do carinho.
Falei do anis.
Falei da Lua turca que rabisca o céu azulado.

Outro poema escrito no inverno de 2006...

Amarelando

O vento vem forte e quente
Neste dia que não termina
Nesta tarde em que meu coração
Sucumbe a todas as imagens
Guardadas na caixa de retratos
Antigos
Amarelecidos do tempo
Tons ocres, marrons, avermelhados
Vinhos, de opala

Um dia peguei uma foto
Eu sentada na mesinha
Comportada
Era como se eu carregasse todo o fardo de ser mulher
Era um molde que não queria
Desde menina tinha tristeza
E
x
i
s
t
e
n
c
i
a
l .

28/07/06

sábado, 21 de julho de 2007

Eu moro aqui, nessa cidade! Esta é a paisagem que todos os dias vejo em primeira mão quando acordo. Não é o máximo?

Muitas das minhas poesias eu componho observando as cores da minha cidade. No inverno, não sei se é o sol que ilumina mais inclinado o hemisfério sul, mas as cores ficam incríveis! Gosto bastante desta época, gosto especialmente do vento geladinho batendo no meu rosto, pelo meu corpo todo quando saio para minhas caminhadas diárias. O poema abaixo foi feito no inverno do ano passado. Tento traduzir em palavras todas as nuances de luz que vejo pelo meu caminho. Bom, eu tento!


Entardecendo

Tons amarelos esmaecidos
Bordam os restos da tarde
E ainda hoje não te falei de amor...
Vinha calma subindo a rua
Olhei a cidade
Nenhum barulho
Apenas pássaros passavam rasantes num assovio único
Escutava a calmaria da cidade
Olhei o céu
O sossego do nada
Estáticos, os tons pastel das casas
Faziam-me refugiar num suspiro
Como há muito faço
Pensei:
Que significado tantos procuram para a vida?
Se tivessem meus olhos saberiam...
O doce perfume das árvores carregadas
A poeira seca e vermelha que sobe os céus
Os últimos raios que tingem minha tela furta-cor
Um carro antigo que sobe a rua
As casas harmoniosamente coloridas
Os ipês florindo destoando de todos os amarelos
E mais uma vez!
Não te falei do meu amor!
Se tivesses meus olhos saberia
Das cores incríveis que levarei comigo
Por toda a vida!

Aventuras do olhar... 55ª Festas das Orquídeas de Guaxupé, MG





sexta-feira, 20 de julho de 2007

Hoje é aniversário desta minha sobrinha mais que querida!!!


Feliz Aniversário...
Envelheço na cidade...
Feliz Aniversário...
Envelheço na cidade...

Paixão maior: Ipês! Eu vou no SIMEG e RUBEM ALVES vai estar lá á!!!!!

Diz Rubem Alves que "O que você ama define quem você é".
Um dia lhe pediram para que ele se definisse... daí ele escreveu uma crônica sobre Curriculum Vitae... a tradução literal desse termo 'pista de corrida'. Então, como não poderia deixar de ser, nosso querido sábio deu outra definição para este termo: Um curriculum vitae é, assim, uma enumeração dos lugares por onde se passou, na correria da vida. Coisas que eles registram não existem mais. O que é passado está morto. Assim, na minha homepage, ao invés de curriculum vitae eu escrevi 'curriculum mortis', porque eu não sou o meu passado. Eu sou o meu AGORA.

Quando pediram que ele se definisse, ele foi pego de surpresa. E estas foram as palavras de Rubem:
"A resposta teria de ser curta. Lembrei-me da frase que o poeta Robert Frost escolheu para seu epitáfio: "ELE teve um caso de amor com a vida..." .Encontrei minha outra definição em mim mesmo. Respondi: "EU tenho um caso de amor com a vida..." Uma Professora me contou uma coisa deliciosa. Uma pessoa visitava a escola. Numa sala ele viu, colados na paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns de meus livros infantis.
Como que num desafio, ele perguntou à criançada:
'E quem é Rubem Alves?'
Um menininho respondeu: 'O Rubem Alves é um homem que gosta de Ipês-amarelos...'
A resposta do menininho me deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são os que elas amam. Descartes afirmou: "Penso, logo existo". Eu invento Descartes, digo: "AMO, LOGO EXISTO".
E daí vai... Quem quiser saber como isso termina, leia a revista Bons Fluidos, Novembro de 2004, n° 66. Ou melhor! Leia a obra deste homem maravilhoso!

I Know Everybody Here Wants You...


Even now you’re undressed in your dreams with me...


quinta-feira, 19 de julho de 2007

Poema escrito em 25 de julho de 2006.

Despedida

Num pranto de saudade
Hoje olhei a cidade,
A paisagem seca do final de Julho
Já vi essa estampa
Antes mais seca, mais dura, mais saudosa.
Na casa em que morava há anos atrás
Sem as atribulações de hoje
Terminava o almoço
Entre um trabalho e outro
Conversava com minha mãe
Coisas sem nexo, sobre você e eu...
Aos poucos me retirava pro quintal
Ia varrendo as folhas secas do tempo,
As pétalas desfolhadas da saudade
Parava um pouco e debruçava na varanda que dava para a cidade
Aberta.
O céu de azul apagado
Clareava o meio-dia teimoso de não te querer.
O ar seco entrava dolorido e teso pelo nariz
E uma lágrima ardida e dura escorria pelo meu rosto
De você, só a lembrança dos dias bons
Do sorriso de campo de margaridas brancas e amarelas
Raios de sol.
Hoje, quando vejo a paisagem menos seca do inverno que vai aos pouquinhos
Releio-te nas ramagens ocas do tempo
Terracota
Saudade foi feita pra ser chorada
Feito rio que corre cheio e leva tudo
Feito rio que teima um fio nas estações secas.

"All Flowers In Time Bend Towards The Sun"... Linda música!

My eyes are a baptism
Oh I am filth
And sing her
Into my thoughts
Oh, phantom elusive thing

All flowers in time bend towards the sun
I know you say that there's no-one for you
but here is one,
All flowers in time bend towards the sun
I know you say that there's no-one for you
but here is one, here is one... here is one...
aah, ooh...

One that can never be known
Either all drunk with the world at her feet
Or sober with no place to go

All flowers in time bend towards the sun...

Aah, ooh...We could go (...)
We can travel round
Fading farther from me
With your face in my window call
When will you weep for me
Sweet willow

It's ok to be angry
But not to hurt me
Your happiness, yes, yes, yes...
Darling, darling, oooh...

Jeff Buckley

Poema Velho


Old Lyric

Neste ano o amor veio tarde
Desconheceu as estações.
Minha alma é um quarto escuro
Sem emoções
Só reconhece fios tênues de luz
Que entram pelas frestas do telhado.


Da cozinha escuto o som da água fervente
Borbulhante
Fogão moderno.
Tiro meus óculos
Descanso-os suavemente sobre o móvel
Vou coar café.
E neste espaço curto de tempo
Carrego toda a minha experiência.
Lembro de minha avó
E de quanto me pareço com ela.


Joaquim disse, entre seus sorrisos,
Que pareço uma mãe,
Matriarca antiga
De feição fechada e gestos delicados.
Sinto minha saia grande de outros tempos tocar minhas pernas
Voluptuosa...


Penso nos amores,
No tempo que se passou
Nos homens que estão por vir – sou mulher moderna!
Com saudades de ser velha,
Mulher antiga.


Vou em direção a casa do fundo
O cheiro perfumado do bolo avisa a arte –
Deixo de lado meu poema.
No caminho, a cachorra brinca alegre com a bolinha de pano,
O vaso abraça meu olhar com margaridas brancas,
O céu indeciso de Outono – será que chove ou faz frio?
Leio no passado da cidade empoeirada
Todos os versos que escrevi para um amor que se foi.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Poema do meu outro *EU

O Amor e o tempo

Vi-te maravilhosa de costas olhando a paisagem
Era qualquer coisa que reverberava
A paisagem insólita e ampla.
As curvas de antes não estavam mais lá
Mas teimavam em alegrar meus dias
Eram volumosas formas
Resplandecentes como os dias idos.


O sorriso
Um certo amarelo dos cigarros dos anos
Pleno
Jocoso
Ido.


Aquelas formas voluptuosas que cercavam toda a amplidão
Eram aquelas que de menino abominava
Mas que te reconheço belas
Isso é amor!

Alguns poemas que escrevo...

Outubro
09/10/06

Este mês não veio como deveria
O inverno teima em me recolher com suas mantas.
O céu parece de neve
Nuvens espessas
Tocam de azul cinzento
O céu,
As paisagens que verdejam aos poucos com a chuva
Indecisas.


O amor não veio.
Parecem maduros todos os sonhos.
Envelheceram com todos os frutos,
Todas as árvores
Que se foram com a última estação.


Depressivos,
Os raios de sol tocam tímidos
O verde-vida de tudo que brota
Com as chuvas.


Sobre a mesa
Vejo um prato branco de uvas-passas
Movo em redemoinho meus dedos sobre elas.
Até as uvas passam.

O poema "May Afternoon" eu escrevi dia 29/05/07, mas nem conhecia Jeff Buckley...


May Afternoon

Angels fly on landscape
They loan soft tones of its dwellings
Lilac, purpura and golden.


The cold air of its agitated wings
It touches my face
Cold wind of afternoon end
To the few the sun goes leaving
The town stays betwen two spotlights
Half sunlight
Half winter

And hollow one of the times leaves me alone
Circumspect


http://www.jeffbuckley.com/bio.asp

http://dyingdays.net/Jeff_Buckley/links.html

A minha maior obra poética!


Escrevo desde os 10 anos. Desenho também desde muito cedo. E desde muito menina observo a cidade, as pessoas e os tons que a mudança das estações deixam na paisagem. Sempre fui muito poética, este é o nome que dei paras as pessoas que sucumbem às intempéries e às alegrias do mundo... Tem o mesmo significado de alegre, lírico, triste, existencial, melancólico, etéreo, exagerado...
Agora lembrei de uma música do Cazuza: "Exagerado, jogado a seus pés, eu sou mesmo EXAGERADA..." essa é a minha melhor definição, sou meio exagerada pra tudo, principalmente para o amor! E pra tudo que me dedico, uso antes a emoção que a razão.
Mas a razão é um elemento constante em minha vida. Tudo que não fiz, foi por causa dela, essa aí mesmo! A Razão! A razão tem outros nomes como: medo, liberdade, principalmente medo de amar. Acho que perdi pessoas importantes por essa causa. Mas na verdade, acho que não perdi não! Acontecimentos do passado não podem ser apagados ou roubados, nem os sentimentos que sentimos por alguém, fortes ou irrelevantes...
Acho que nossas vidas são poemas que escrevemos linha a linha, estrofe a estrofe, num exercício pleno e árduo de reescrever cada verso ou estrofe.
Poema maior que escrevi e tenho procurado enriquecer os versos nestes últimos 20 anos é este aí acima - o meu filho Pedro Henrique, o de boné vermelho, ao lado de dois grandes amigos - a Ana Rita e o Emanuel.

TRAPO



O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser suscetível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?

Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoas, chuvas, escuros - isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que não o tivesse.
Chego a ter sono, da vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Qunado foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos

Não tenho muito o que dizer...

meus poemas falam por mim...
Ultimamente, encontro-me em estado de apatia poética. O mundo anda me fazendo mal. Tenho medo de assistir a noticiários, ler jornais. A única atividade que acho graça é andar pela cidade, observar as nuances que o inverno deixa na paisagem. Penso na vida, no que ainda posso e devo construir ou fazer por mim... embora o tempo escoe como água depois de destanpado o ralo de uma pia cheia. Os vórtices da água vão fazendo um desenho, envolvendo meu pensamento. E digo pra mim mesmo: *Não tenho muito tempo, já tenho 46 anos! E há tanto o que realizar.
Um dia desses me indispus como uma companheira de comunidade. Ela deve ter mais ou menos uns 20 anos, é fanática por um cantor americano e acha que detém todo o conhecimentos sobre ele. Isso me fez pensar nas atitudes prepotentes que todo ser humano possui ao lidar com os outros e com tudo aquilo que pertence à humanidade.
Se o mundo fosse de outra forma, não haveria tanta corrupção ou violência, tanta perversidade e egoísmo, tanta injustiça. Somos egoístas! E a atitude da tal jovem me fez rir um bocado, depois me fez pensar na inutilidade da vida. Somos tão frágeis que o estar aqui pode não significar nada daqui apenas um segundo! Um ato insano de alguém, uma alegria incontida, uma irresponsabilidade pode nos levar pra sempre! E também nem sei o porquê de pensar tudo isso aí. Só sei que pensei na moça de 20 anos, na minha apatia poética e que deveria escrever alguma coisa para postar no meu Blog! Acho que essas palavras falam por mim. "O dia hoje deu em chuvoso." Lembrei deste verso quando olhei a paisagem triste da manhã de hoje. É um dia em que não há muito a comemorar, apesar das medalhas que o Brasil obteve no Pan... Tenho lá meus motivos. O poema é Trapo, de Fernando Pessoa.