CAMINHAR é um exercício que faço quase que diariamente ou quando meus alunos me liberam da tarefa árdua de ensinar. Sei que não tenho tido mais tempo pra esse luxo, pois isso é coisa de quem não tem lá o que fazer...
Confesso que tenho tentado acordar às 6:30 da madrugada pra ir à Academia praticar Hidroginástica e Musculação, duas das muitas paixões da minha vida.
Ontem conversando com o Guga, um amigo de MSN, ele me disse que não se apaixonava por pessoas, mas por idéias. Fiquei pensando, pensando... E vi que já tinha ouvido isso do Alexandre, uma de todas as paixões de minha vida. Repito essa idéia porque é sólido, se fosse líquido, eu beberia, é claro, e com um bom tira-gosto destes de bar que só mineiro tem.
Amar idéias, apaixonar por idéias.... ele se apaixonou pela minha idéia de estar apaixonada por um membro do JBB- o famoso Zé. Isso foi um acaso, nem destino explica, podem até dizer que é falta do que fazer...
Mas! Na realidade! Tudo pintou como eu disse... talvez eu também tenha me apaixonado por essa idéia meio estapafúrdia, sem eira nem beira que se me apronta - paixão via cabo ótico!
No entanto, quando nos apaixonamos, estamos fazendo uma viagem de volta para dentro de nós mesmo, para dentro do nosso coração. Estamos apenas nos buscando do vasto inverno da solidão que nos impomos.O que não deixa de ser, por outro lado, a paixão e o amor que temos por nós mesmo, que esquecido, nos revela em momentos que menos esperamos.
Estes momentos, talvez, estejam lá apenas esperando por uma dose pequena de Venlafaxina, que amaina os corações mais medrosos por alguma angústia trazida pela vida, por um desassosego profissional, por um período de doença.
Somos humanos, por isso somos loucos, desparafusados, incompletos, sofredores das dores do parto em que nossas mães nos puseram para fora, como diz o Flávio Gikovate em um de seus artigo.
"Várias são as conseqüências de a vida ter se iniciado dessa forma. A mais marcante talvez seja a que diz a respeito ao fenômeno amor. A dramática sensação de desamparo que vivenciamos ao nascer se atenua quando nos reaproximamos fisicamente de nossas mães, sobretudo na hora da amamentação. Aprendemos que o "buraco" fica menor com a sua presença física, com sua proteção concreta e também com o aconchego abstrato que ela nos faz sentir. É no colo dela que experimentamos a sensação mais parecida com a do paraíso uterino definitivamente perdido.
Buscamos ficar próximos de nossa mãe porque ela nos traz de volta a paz e a harmonia que um dia sentimos como permanentes. Só que agora isso se alterna com períodos de dor, desespero e angústia. Não há como estarmos sempre no colo da mãe, aconchegados por sua presença protetora.
Se definirmos o amor como o desejo de reencontrar o que foi perdido com o nascimento, por meio da aproximação física (e depois espiritual) com outro ser humano – que nos dá a sensação de completitude que não temos quando estamos sós –, compreenderemos que nosso primeiro objeto de amor é a mãe. Descobriremos também que todos os posteriores são substitutos desse original. Como o desejo de nos completarmos nos persegue ao longo de toda a vida, podemos dizer que o amor é um dos desdobramentos fundamentais do trauma do nascimento. Se nascer não fosse uma transição para o pior, para a dor, com certeza não existiria o amor; ao menos como nós o conhecemos."
Profundo, mas ainda não é bem nisso que quero chegar... Talvez dizer que essa é uma viagem par ao cerne da terra, para onde fomos criados, um momento de explosão da qual não tomamos a dimensão do que seja. Porque na vida tudo é mágico e inexplicável. Ou talvez dentro dos nossos sonhos caibam o mundo. Acho que agora encontrei a palavra certa para definir o amor - dentro do sonho do homem cabe um mundo de possibilidades, com aconchego do colo da mãe ou de uma pessoa por quem nos apaixonamos ou desejamos nos apaixonar, ou quem sabe amar?
Voltando à caminhada, sobre a qual deveria estar falando, porque nelas gosto de meditar os momentos por que passo nos dias e meses que se seguem corridos. Eu olhei o céu e ele se resplandecia como os raios de um hostensório sobre um altar - e acho que é lá que está guardado o sentimento de amor. O Ser o fez tão perfeito que nós só o podemos ver de longe, é intocado.
O Céu ontem estava com a aura dos santos, estava de se perder no íntimo das meditações, estava como um caminho sem volta. Como a vontade de voar, transcender todos os organismos que me cerceiam e que me fazem escapar do verdadeiro sentido do ser...
Ei, parem! Aonde vocês pensam que vão?
Então aí vem a consciência do que estamos fazendo é ridículo, de que devemos desprezar para que sejamos mais apreciados.... que devemos nos resguardar para que não sejamos pagadores de micos homéricos. O homem é orgulhoso, tinhoso, não gosta de se ver menosprezado, ridicularizado, inda mais pela sua vítima, que muitos chamam de par, companheiro, namorado, paixão, amor para a vida eterna.
Ei, parem com isso! Parem com isso! Permitam-se cair no ridículo, riam de si mesmos, porque rir é a lembrança mais memorável e caridosa que fazemos pra nós mesmos. Permitamo-nos errar, e errar é viver!
Apaixonar-se e cair no ridíciculo são dois irmão companheiros, assim como amar e se apaixonar é se perder em si mesmo, é buscar você de volta dos períodos em que se amou menos, em acordo com o outro - o objeto do seu carinho. Por isso "transitivo-reflexivo".
Então, eu olhei o céu mais uma vez, e os últimos raios de Sol eram encobertos pelo manto negro da noite (romântica, para acabar com a frieza de se tentar descrever um sentimento!) e daí pensei: ainda hoje terei a Lua como testemunha, mas ela estava pela metade (esperando a sua outra metade da laranja,) grande, abóbora, saindo do meio das montanhas verdes das Minas Gerais.
Fim!
... ou o começo de um grande sentimento?
(Este texto eu escrevi para um grande amigo que está guardado aqui, neste momento, dentro do meu coração - o Zé!)