quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Poema do meu outro *EU

O Amor e o tempo

Vi-te maravilhosa de costas olhando a paisagem
Era qualquer coisa que reverberava
A paisagem insólita e ampla.
As curvas de antes não estavam mais lá
Mas teimavam em alegrar meus dias
Eram volumosas formas
Resplandecentes como os dias idos.


O sorriso
Um certo amarelo dos cigarros dos anos
Pleno
Jocoso
Ido.


Aquelas formas voluptuosas que cercavam toda a amplidão
Eram aquelas que de menino abominava
Mas que te reconheço belas
Isso é amor!

Alguns poemas que escrevo...

Outubro
09/10/06

Este mês não veio como deveria
O inverno teima em me recolher com suas mantas.
O céu parece de neve
Nuvens espessas
Tocam de azul cinzento
O céu,
As paisagens que verdejam aos poucos com a chuva
Indecisas.


O amor não veio.
Parecem maduros todos os sonhos.
Envelheceram com todos os frutos,
Todas as árvores
Que se foram com a última estação.


Depressivos,
Os raios de sol tocam tímidos
O verde-vida de tudo que brota
Com as chuvas.


Sobre a mesa
Vejo um prato branco de uvas-passas
Movo em redemoinho meus dedos sobre elas.
Até as uvas passam.

O poema "May Afternoon" eu escrevi dia 29/05/07, mas nem conhecia Jeff Buckley...


May Afternoon

Angels fly on landscape
They loan soft tones of its dwellings
Lilac, purpura and golden.


The cold air of its agitated wings
It touches my face
Cold wind of afternoon end
To the few the sun goes leaving
The town stays betwen two spotlights
Half sunlight
Half winter

And hollow one of the times leaves me alone
Circumspect


http://www.jeffbuckley.com/bio.asp

http://dyingdays.net/Jeff_Buckley/links.html

A minha maior obra poética!


Escrevo desde os 10 anos. Desenho também desde muito cedo. E desde muito menina observo a cidade, as pessoas e os tons que a mudança das estações deixam na paisagem. Sempre fui muito poética, este é o nome que dei paras as pessoas que sucumbem às intempéries e às alegrias do mundo... Tem o mesmo significado de alegre, lírico, triste, existencial, melancólico, etéreo, exagerado...
Agora lembrei de uma música do Cazuza: "Exagerado, jogado a seus pés, eu sou mesmo EXAGERADA..." essa é a minha melhor definição, sou meio exagerada pra tudo, principalmente para o amor! E pra tudo que me dedico, uso antes a emoção que a razão.
Mas a razão é um elemento constante em minha vida. Tudo que não fiz, foi por causa dela, essa aí mesmo! A Razão! A razão tem outros nomes como: medo, liberdade, principalmente medo de amar. Acho que perdi pessoas importantes por essa causa. Mas na verdade, acho que não perdi não! Acontecimentos do passado não podem ser apagados ou roubados, nem os sentimentos que sentimos por alguém, fortes ou irrelevantes...
Acho que nossas vidas são poemas que escrevemos linha a linha, estrofe a estrofe, num exercício pleno e árduo de reescrever cada verso ou estrofe.
Poema maior que escrevi e tenho procurado enriquecer os versos nestes últimos 20 anos é este aí acima - o meu filho Pedro Henrique, o de boné vermelho, ao lado de dois grandes amigos - a Ana Rita e o Emanuel.

TRAPO



O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser suscetível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?

Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoas, chuvas, escuros - isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que não o tivesse.
Chego a ter sono, da vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Qunado foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.

Álvaro de Campos

Não tenho muito o que dizer...

meus poemas falam por mim...
Ultimamente, encontro-me em estado de apatia poética. O mundo anda me fazendo mal. Tenho medo de assistir a noticiários, ler jornais. A única atividade que acho graça é andar pela cidade, observar as nuances que o inverno deixa na paisagem. Penso na vida, no que ainda posso e devo construir ou fazer por mim... embora o tempo escoe como água depois de destanpado o ralo de uma pia cheia. Os vórtices da água vão fazendo um desenho, envolvendo meu pensamento. E digo pra mim mesmo: *Não tenho muito tempo, já tenho 46 anos! E há tanto o que realizar.
Um dia desses me indispus como uma companheira de comunidade. Ela deve ter mais ou menos uns 20 anos, é fanática por um cantor americano e acha que detém todo o conhecimentos sobre ele. Isso me fez pensar nas atitudes prepotentes que todo ser humano possui ao lidar com os outros e com tudo aquilo que pertence à humanidade.
Se o mundo fosse de outra forma, não haveria tanta corrupção ou violência, tanta perversidade e egoísmo, tanta injustiça. Somos egoístas! E a atitude da tal jovem me fez rir um bocado, depois me fez pensar na inutilidade da vida. Somos tão frágeis que o estar aqui pode não significar nada daqui apenas um segundo! Um ato insano de alguém, uma alegria incontida, uma irresponsabilidade pode nos levar pra sempre! E também nem sei o porquê de pensar tudo isso aí. Só sei que pensei na moça de 20 anos, na minha apatia poética e que deveria escrever alguma coisa para postar no meu Blog! Acho que essas palavras falam por mim. "O dia hoje deu em chuvoso." Lembrei deste verso quando olhei a paisagem triste da manhã de hoje. É um dia em que não há muito a comemorar, apesar das medalhas que o Brasil obteve no Pan... Tenho lá meus motivos. O poema é Trapo, de Fernando Pessoa.