quinta-feira, 19 de julho de 2007

Poema escrito em 25 de julho de 2006.

Despedida

Num pranto de saudade
Hoje olhei a cidade,
A paisagem seca do final de Julho
Já vi essa estampa
Antes mais seca, mais dura, mais saudosa.
Na casa em que morava há anos atrás
Sem as atribulações de hoje
Terminava o almoço
Entre um trabalho e outro
Conversava com minha mãe
Coisas sem nexo, sobre você e eu...
Aos poucos me retirava pro quintal
Ia varrendo as folhas secas do tempo,
As pétalas desfolhadas da saudade
Parava um pouco e debruçava na varanda que dava para a cidade
Aberta.
O céu de azul apagado
Clareava o meio-dia teimoso de não te querer.
O ar seco entrava dolorido e teso pelo nariz
E uma lágrima ardida e dura escorria pelo meu rosto
De você, só a lembrança dos dias bons
Do sorriso de campo de margaridas brancas e amarelas
Raios de sol.
Hoje, quando vejo a paisagem menos seca do inverno que vai aos pouquinhos
Releio-te nas ramagens ocas do tempo
Terracota
Saudade foi feita pra ser chorada
Feito rio que corre cheio e leva tudo
Feito rio que teima um fio nas estações secas.

"All Flowers In Time Bend Towards The Sun"... Linda música!

My eyes are a baptism
Oh I am filth
And sing her
Into my thoughts
Oh, phantom elusive thing

All flowers in time bend towards the sun
I know you say that there's no-one for you
but here is one,
All flowers in time bend towards the sun
I know you say that there's no-one for you
but here is one, here is one... here is one...
aah, ooh...

One that can never be known
Either all drunk with the world at her feet
Or sober with no place to go

All flowers in time bend towards the sun...

Aah, ooh...We could go (...)
We can travel round
Fading farther from me
With your face in my window call
When will you weep for me
Sweet willow

It's ok to be angry
But not to hurt me
Your happiness, yes, yes, yes...
Darling, darling, oooh...

Jeff Buckley

Poema Velho


Old Lyric

Neste ano o amor veio tarde
Desconheceu as estações.
Minha alma é um quarto escuro
Sem emoções
Só reconhece fios tênues de luz
Que entram pelas frestas do telhado.


Da cozinha escuto o som da água fervente
Borbulhante
Fogão moderno.
Tiro meus óculos
Descanso-os suavemente sobre o móvel
Vou coar café.
E neste espaço curto de tempo
Carrego toda a minha experiência.
Lembro de minha avó
E de quanto me pareço com ela.


Joaquim disse, entre seus sorrisos,
Que pareço uma mãe,
Matriarca antiga
De feição fechada e gestos delicados.
Sinto minha saia grande de outros tempos tocar minhas pernas
Voluptuosa...


Penso nos amores,
No tempo que se passou
Nos homens que estão por vir – sou mulher moderna!
Com saudades de ser velha,
Mulher antiga.


Vou em direção a casa do fundo
O cheiro perfumado do bolo avisa a arte –
Deixo de lado meu poema.
No caminho, a cachorra brinca alegre com a bolinha de pano,
O vaso abraça meu olhar com margaridas brancas,
O céu indeciso de Outono – será que chove ou faz frio?
Leio no passado da cidade empoeirada
Todos os versos que escrevi para um amor que se foi.