quarta-feira, 21 de abril de 2010

Evanescence

Enlevo, de Flora Figueiredo

Eu olho você grande e distante
E da sua grandeza me comovo
E da sua distancia me revolto
Olho de novo.
Procuro reter em minhas mãos sua figura
Mas ela gesticula, oscila e cresce
E numa inconstância distraída
No instante exato
Por trás da vida desaparece.
Um desacato.
Do meu desaponto eu me levanto
Pra levar embora outro desencanto
Mas você me divisa e então me chama

Aguarda, reclama e me convida
E minha vida nessa ansiedade por fim entrego.
E nesse amor feito de espuma colorida
Nós flutuamos: você borbulha, eu escorrego,
Ensaboados, você explode, eu me desintegro.
(Para o José victor, lá em fortaleza...)

Feriado Nacional


Neste dia molengo de Abril,
quase final
o calor fora de época
vem trazendo lembranças de tempos
que eu sofria por ser dia de Tiradentes.


Mal sabíamos que a história
é equívoco dos mais exaltados,
do lado de quem ganha uma guerra
ou perde injustiçado.


Assim,como todas as histórias
são frutos de boa criação,
de livros e filmes que assitimos, em vão
para calar a dor do que não somos.


E aprendemos que moças finas
são as de pele branca, cabelos ralos,
magras que sabem fazer bordados e as receitas da avó
sequilhos brancos com suave sabor de limão.


E o dia vai seguindo, seco,
uma ventania de folhas vem nesse meio do dia
fazer nossas mães correrem fechando as janelas
para não desfazer o trabalho do dia anterior.


Afinal, hoje é feriado.
Dia de ficar assim, pelo canto,
escutando assuntos
do primo que se foi, do avó,
dos amores que não foram.


E uma folha grande e seca
vai arrastando grosseiramente
seu som riscado e estridente pela rua
recordando que passamos mais uma estação
no sol amarelado,
descorado pelas nuvens
e pelo aguardar solitário
das mensagens que nunca chegam.


(escrita dia 21/04/2010, num começo de tarde enjoada, faltante...)