sábado, 26 de junho de 2010

À Dama Impura e Branca


O sol de inverno entra seco pela janela.
Eu já não vivo do amor que há uns meses me fizera sonhar
Com tuas mãos rudes
Em meus  mamilos túrgidos
E no sexo quente e úmido.


Minha mãe pergunta:
-Filha, você não tem vergonha?
Já esqueceu que mulher tem recato e temor a Jesus Cristo, Nosso Senhor?
Não, eu nunca soube dessas coisas.
Com quatorze anos, nem sabia o que era veado.
Nasci, assim, casta,
E achando sexo a coisa mais pura do mundo.
Assim como as flores-de-maio brancas
Que lançam seus pendões com pistilos cor de maravilha.
(Para o José Victor, lá longe no Ceará.)

Metáforas

Todas as metáforas da vida
e um som blues
o coração farto do vazio imenso
a náusea
a comida
a bebida e o cigarro
os dias repetitivos
a falta do significado
sou um fantasma em movimento
que aguarda o sentido
de uma vida farta
e um peito que aninha


os cabelos bem feitos
as unhas limpas
o corpo em forma
para quê?
E me farto do vinho carnal
e do perfume da antiguidade
o azeite de oliva
os temperos finos
a bebida e o cigarro.