domingo, 2 de janeiro de 2011

O primeiro dia que termina...



Com uma chuva malemolente terminamos o dia, aquele que poderíamos chamar de estréia de um novo show, de um novo cargo, de uma nova vida. São 23:33 de uma noite meio fria por causa da chuva que para muitos é uma sonata para o descanso do primeiro dia de trabalho e o que nos espera os outros novos 364 dias do ano. Mais um ano, mais uma expectativa, mais um futuro a se planejar, mais um...
Hoje foi um dia especial assim como todos os primeiros dias dos anos que começam, e ainda mais especial porque a primeira mulher toma posse como Presidenta do nosso amado país.
Senti-me emocionada durante a posse e as palavras de Dilma. Emoções à parte, sei que teremos mais 364 dias para aplaudirmos ou decepcionarmos com o seus novos dias de inauguração, pois a cada manhã nos inauguramos para o novo, recomeçamos cada dia como se fosse o único de nossas vidas. Sem exageros. O vinho, as novidades, a chuva, o reinaugurar-se, deixa-nos emotivos, sensíveis com as palavras e com vontade de tomarmos mais um cálice de vinho.


Enquanto tomava meu banho de final de noite, pensava comigo que a mulher de poder é um ser solitário. Embora Dilma estivesse acompanhada por sua filha, Michel Temer era ladeado e guardado por sua esposa. E assim como Lula, dona Marisa o protegia e protegeu durante todos os oito anos de mandato.


Dilma não. É exceção, já que mulheres no poder são exceções. Em países machistas como o nosso em que metade ou mais dos homens não admitem mulheres no poder, saudemos a exceção e comemoremos a sagacidade da maioria, que é mulher no Brasil,que deixou seu lado patriarcal e o jugo com que foram criadas e acreditaram que ela seria capaz de governar este país.


Eu parabenizo a mim e ao povo brasileiro que começa a mostrar que está mudando. Mas precisamos de mais mudanças - uma básica, que é a de culpar o governo de tudo o que nos acontece. Sei que hoje é um dia diferente de todos que eu já inaugurei na minha vida. Não sinto a empolgação fraca da mudança, mas a consistência das palavras e de uma nova gestão no ar.


Voltando ao poder e a solidão que ele nos remete, sinto que Dilma sofrerá muito mais do que Lula, muito mais do que qualquer estadista que governou o mundo e este país, porque será mais cobrada de suas ações e, sobretudo, porque é mulher!


Uma mulher que com passos curtos subiu e desceu a rampa do Planalto sozinha. Havia um quê de desamparo... Atrás da fortaleza daquela mulher há uma outra que sonha com os carinhos do amante e também de chegar em casa e brincar de fazer castelos de cartas com seus netos. Há o aconchego inerente à raça, os braços que aninham e amamentam, a mulher que cozinha e faz bolinhos de chuva para a criançada da casa e os amigos que vêm junto!


Em um de suas palavras ela salientou que em seu mandato haveria a força, mas também o carinho da mulher que acalenta, da mãe, daquela que alimentou seus filhos. É nisso que reside sua força - a mão que balança o berço, é a mão que governa o mundo! E disso ela sabe muito bem.


Infelizmente Dilma não terá muito dessas coisas, pois é uma mulher de poder, temida pelos homens, mal entendida pela maioria das outras mulheres...


Cabe, agora, a nós a ajudarmos, fazendo a nossa parte de cidadãos, investindo em nossos filhos, em nossas gerações futuras, em nossos alunos...
Cabe a cada um brasileiro dar um pouco de seu ombro, pois ela precisará de muitos para chorar e descansar seus fracassos e vangloriar suas vitórias!

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