Para que estas modernidades
Se eu queria ser antiga
tradicional?
Embalar meus filhos,
muitos.
Trocar fraudas,
colocar os dentes-de-leite embaixo do tavesseiro,
rezar o Santo Anjo...
vigiar os olhos semi-serrados mergulhados no sonho profundo
dos castelos das princesas e os dragões.
O carro serpenteia as montanhas de Minas
e quanto mais perto do belo horizonte
mais azuis elas são.
Mais saudosas.
Eu olho a risada branca do companheiro de viagem.
Ele ri dos poemas de Adélia.
Renitente digo "Não ria não!
As palavras dela arranham a alma,
trazem a assombração!"
Ela, com a voz ainda firme,
de moça de cabelos brancos desgrenhados,
faz sarcasmo da realidade que eu desenhei.
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