segunda-feira, 29 de setembro de 2008
"Eu pensava que o amor, me faria uma rainha, e quando você chegasse eu não seria mais sozinha."
É apenas mais uma coisa, como todas as outras, que em excesso faz mal, muito mal. Precisamos de muitas pessoas em nossas vidas, pessoas a quem confiar, a quem amar. As vezes porém precisamos ficar sós, pois é buscando dentro de nós mesmos a "sala vazia" da Solidão que podemos através da brecha de uma janela refletir melhor sobre o brilho intenso da vida que corre lá fora... e então nos sentiremos privilegiados por tudo o que temos.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
??????
Estive lendo por aí, na revista Vida Simples...
"A presença do outro pode melhorar o que somos, o que talvez só se perceba quando estamos sós."
Soninha Francine, candidata para Prefeita de São Paulo...
Estou vivendo uma crise de identidade, melhor dizer, de idade. Literalmente ando presenciando um choque de idade...rs! A Sheila Vira-Lata vai rir muito do que estou falando.
Há um mês conheci um senhor da "Melhor Idade", falante, sorridente, meio urubu-malandro, se me permitem ousar. Resolvi "botar um reparo" nisso! Fui até a casa dele, conheci seu filho, dei uns beijos no velhinho assanhado. Ele me disse que é meio afoito pra essas coisas, meio impaciente... Vê-se logo!
(muitos risos)
Porém o mais surpreendente é que nunca me vi com uma pessoa mais velha e estou gostando muito. É como se eu revivesse a cena de um filme "Alguém Tem que Ceder", com Jack Nicolson , quando as personagens principais procuram seus óculos e acabam trocando, assim, meio despercebidos... Um quê de comédia romântica! Engraçado como me senti muito perto da personagem feminina, uma escritora de teatro, enclausurada em casa, sempre escrevendo e não vendo mais futuro em relações por não acreditar mais nos homens. Dizia-se sem oportunidades porque os homens de meia-idade, disponíveis, estão atrás de garotas mais próximas de serem suas "netas".
O que mais me marcou desse filme foi o momento em que Harry diz a personagem "Você é uma mulher pra se amar!!", o que ainda não aocnteceu comigo e ainda torço por isso.
Mas meu Harry, infelizmente, anda buscando a tristeza longe, com os olhos meio baixos e sem esperança... num semblante lindo, os olhos grandes, morenos e expressivos! É uma pena!
Eu gostaria de fazer voltar a felicidade naqueles olhos expressivos... Mas também acho que sou boa apenas nas palavras, fiquei estática perante ele, acanhada e me protegia com os braços cruzados e tensos!
Quem sabe?!sábado, 6 de setembro de 2008
Será que escrevo um livro?!
Vista da torre da Matriz de Carmo da Mata, onde morava minha grande avó Iracema
A chuva bate silenciosa e funda nas folhas verdes recuperadas da vontade das árvores. Faz 4 meses que não chove! O céu parece uma tênue e fina gaze sobre nós! Acho que ela vai logo! Grita Maria Célia numa investida no parapeito da janela quase esquecida.
A rua da cidade é sempre assim, passa carro de vez em quando... E, de vez em quando, chega gente nova na cidade. Cidade esquecida no tempo, de portas patinadas de azul colonial das outras épocas.
No quarto, o antigo vestido de noiva, guardado nos sonhos das novas gerações. A festa das outras meninas era brincar de noiva com o vestido guardado da tia Lurdinha. Tudo tinha que ser bem escondidinho. O nome de Lurdinha era segredo, letras fortuitas nas bocas da família.
Romance partido ao meio
A chuva bate silenciosa e funda nas folhas verdes recuperadas da vontade das árvores. Faz 4 meses que não chove! O céu parece uma tênue e fina gaze sobre nós! Acho que ela vai logo! Grita Maria Célia numa investida no parapeito da janela quase esquecida.
A rua da cidade é sempre assim, passa carro de vez em quando... E, de vez em quando, chega gente nova na cidade. Cidade esquecida no tempo, de portas patinadas de azul colonial das outras épocas.
Tudo na cidade é outro!
Outro tempo, se dizia que aqui passou carreteiros com grandes maletas de couro carregados nos lombos dos burros, cheiiinho de ouro.
Ouro massacrado, carregado também no lombo dos escravos.
O velho gramofone da minha avó ainda toca na sala, machuca um blues enquanto a chuva desce cuidadosa por essas bandas. Escorre devagarinho, contornando uma touceirinha que o gadinho de carneiros não conseguiu descobrir. Cachorro bravo à espreita. Max! Mas! Deeiixa as novilhas em paz! O grito de Célia, ecooa, atazana o ouvido. Ô mulher pra falar alto! A avó Iracema deixa o bordado e sai pra cozinha, atrantada com os gritos dessa menina, sem os famosos lábios de mel ,que ouvira, nas noites, do avó na leitura de um livro de José de Alencar.
Ouro massacrado, carregado também no lombo dos escravos.
O velho gramofone da minha avó ainda toca na sala, machuca um blues enquanto a chuva desce cuidadosa por essas bandas. Escorre devagarinho, contornando uma touceirinha que o gadinho de carneiros não conseguiu descobrir. Cachorro bravo à espreita. Max! Mas! Deeiixa as novilhas em paz! O grito de Célia, ecooa, atazana o ouvido. Ô mulher pra falar alto! A avó Iracema deixa o bordado e sai pra cozinha, atrantada com os gritos dessa menina, sem os famosos lábios de mel ,que ouvira, nas noites, do avó na leitura de um livro de José de Alencar.
No quarto, o antigo vestido de noiva, guardado nos sonhos das novas gerações. A festa das outras meninas era brincar de noiva com o vestido guardado da tia Lurdinha. Tudo tinha que ser bem escondidinho. O nome de Lurdinha era segredo, letras fortuitas nas bocas da família.
(...)
Tudo era em vão. Nas ruas, nas chuvas, dentro das casas.
Tudo vão!
Tudo era em vão. Nas ruas, nas chuvas, dentro das casas.
Tudo vão!
(Praça da Matriz - Tapiratiba)
This is a sensible book. This is a book to improve your mind. I do not tell you all I know, because
I do not want to swamp you with knowledge...
Jerome K. Jerome
A
João Ribeiro
Profunda admiração
JOÃO DO RIO
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se
não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é
partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades,
nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia,
mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia — o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia, os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
A rua! Que é a rua? Um cançonetista de Montmartre fá-la dizer:
A verdade e o trocadilho! Os dicionários dizem: “Rua, do latim ruga, sulco. Espaço entre as casas e as povoações por onde se anda e passeia”. E Domingos Vieira, citando as Ordenações: “Estradas e rua pruvicas antiguamente usadas e os rios navegantes se som cabedaes que correm continuamente e de todo o tempo pero que o uso assy das estradas e ruas pruvicas”.
ALMA ENCANTADORA DAS RUAS
João do Rio
This is a sensible book. This is a book to improve your mind. I do not tell you all I know, because
I do not want to swamp you with knowledge...
(Este é um livro sensível. Este é um livro para melhorar nossa mente. Eu não vou contar a todos vocês o que eu sei, porque eu não desejo atolá-los com meu conhecimento...)
Jerome K. Jerome
A
João Ribeiro
Profunda admiração
JOÃO DO RIO
A RUA
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se
não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é
partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades,
nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia,
mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia — o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia, os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
A rua! Que é a rua? Um cançonetista de Montmartre fá-la dizer:
Je suís la rue, femme êternellement verte,
(Eu sou a rua, fêmea eternamente verde)
Je n’ai jamais trouvé d’autre carrière ouverte
Je n’ai jamais trouvé d’autre carrière ouverte
(Eu jamais encontrei outra carreira aberta)
Sinon d’être la rue, et, de tout temps, depuis
Sinon d’être la rue, et, de tout temps, depuis
(Senão de outra rua, e, todo o tempo, depois)
Que ce pénible monde est monde, je la suis...
(Que esse penoso mundo é mundo, eu sou-o...)
A verdade e o trocadilho! Os dicionários dizem: “Rua, do latim ruga, sulco. Espaço entre as casas e as povoações por onde se anda e passeia”. E Domingos Vieira, citando as Ordenações: “Estradas e rua pruvicas antiguamente usadas e os rios navegantes se som cabedaes que correm continuamente e de todo o tempo pero que o uso assy das estradas e ruas pruvicas”.
A obscuridade da gramática e da lei! Os dicionários só são considerados fontes fáceis de completo saber pelos que nunca os folhearam. Abri o primeiro, abri o segundo, abri dez, vinte enciclopédias, manuseei in-folios especiais de curiosidade. A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas por onde se anda nas povoações.
Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma!
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