PP- Caio ao centro e Pedro, meu filho!
O céu anda cinza, os ares frios por aqui. No quarto escuro, acalento meus sonhos em meio a luz azul do computador. Se ao menos Clarice tivesse um PC, suas palavras aí sairiam como enxurradas, não como fluxos de pensamento.
Mas meu pensamento anda vazio, feito olhar a amplidão ou ficar estático entre as folhagens de uma clareira.
Quero encher meus sentimentos tridimensionais vagos de esferas e propagar minhas palavras pelo espaço em fim.
O agora é uma tarde de nada! Cheia de silêncios. Se ao menos eu tivesse aquele sentimento que faz as cordas do relógio da vida andar?!...
Não tenho.
Tudo são apenas ensaios, esboços mal feitos de um retrato.
O que eu acalentava, voou, anda pelas livrarias, bibliotecas, nos espaços de conhecimentos da matéria e da vida!
Não mais me pertence!
Sinto saudades de tudo quando era pequeno.
Eu ia ali na pracinha e voltava feliz. Meu filho sorria de longe e acenava a mãozinha pequena e o sorriso ia frouxo pelo vento.
Os cabelos encaracolados, negros, os olhos grandes de jabuticaba cresceram.
E eu estou aqui em mais um Outono procurando escrever mundos de faz-de-conta.
Levanto, acendo a luz porque não sei mais ficar na escuridão, as sombras me trazem o medo daquele buraco infinito dentro do peito que algumas vezes eu sinto. E temo! Vou até a cozinha, olho a paisagem escura da tarde, pego mais um café. Falta-me o cigarro e o café das conversas com as amigas Ciça e Berê.
É engraçado como as pessoas que antes estavam já não mais sobrevoam nossas vidas.
Meu primo Marcelo!
Meus avós....
Eu brinco de enfeitar meus dias com gente de aço, plástico e luz. Se ao mesnos tivessem luz eu não estaria tão no escuro!
...e a tarde termina mais escura ainda, com ares temerosos. Não sei por que razão? Não gosto de tardes assim! Dói o coração, a alma, sinto-me num eterno vazio, tão imensurável que não existo!
Se é a Saudade? Não sei dizer. Mas a falta me dá vontade de nada mais escrever!