Quando o liláses e os róseos pintam ipês,
e bordam o capim-gordura das encotas do caminho,
é o desamor que vem chegando.
Os cheiros da canela, do cardamomo, do aniz-estrelado
que vêm do fogão de lenha
entranham as vísceras,
fazem doer o coração.
Assim, de manso,
tiram o sorriso dos lábios,
mandam os olhos chorar.
Não vou fazer mais bordados,
nem sianinhas, nem bicos de crochê,
nem colcha de retalhos.
Nem lerei os peixes da Adélia
que por muitas vezes povoaram
meus sonhos de um casamento feliz.
Nem os cotovelos se escontarão ou se baterão,
assim... de leve.
No meio de caminho,
as flores róseas e liláses se intensificam.
Aqui, ali, na mata ao longe,
às vezes indecisos, sozinhos,
Eretos, fugidios, sem firmeza.
Sofrimento de amor é bonito de se ter!
Há quem diga que o olhar perde o viço.
Mas buscam longe - lugar da solidão.
Vê com as tintas do infinito
onde os olhos buscam o perdão.
Sofrimento de amor é colcha de retalhos
em cada parte, um verde,
em cada som, um riso,
em cada quadro
o alguém para se lembrar.(poema escrito em 03/06/2003)