Há uns meses A Sasha morreu. Era uma cachorrinha que eu tinha há 9 anos! Já falei sobre ela aqui nesse blog.
Nos primeiros dias sofri muito. Chorei. Senti saudades. E as saudades de Sasha continuam...
Nos primeiros dias, tinha ciúmes de mim mesma e da idéia de colocar outro cão no lugar de Sasha. Era maluco tal sentimento. Tinha ciúmes de colocar algo no lugar de quem amei tanto... Pessoas e animais são insubstituíveis! Como as pessoas, eles têm personalidade!
Sury é a minha mais recente amiga. Um pouco indefinida ainda. Estamos nos conhecendo. Ela aprendeu logo a minha voz, meu cheiro, os costumes da casa, os horários britânicos... Mas ainda não sei! Há algo estranho no ar! Talvez a necessidade de reencontrarmos aquilo que perdemos. Acho que é isso.
Adquirir cachorros, adotar mascotes é um bom exercício de convivência humana. Aprendendo a amar os cães, aprenderemos a compreender pessoas. E mais do que tudo, aprenderemos a perceber que pessoas, assim como os cães, tem personalidades e caracteres diferentes. São singulares.
O maior erro dos humanos é procurar colocar forma naquilo que por sí é sem forma, e vive para a evolução.
Por isso nos decepcionamos quando, terminado um relacionamento, enamoramos de outros e outras, procurando nessas resquícios do outro que já foi. Cada pessoa é única neste mundo, é erro nosso querer reatar através de outras pessoas, a convivência que nos foi tão cara e já não temos mais!
Por isso somos feitos, para aprender a evoluir. Quando nos prendemos, não vivemos. Quando recordamos, o primeiro passo é atribuir ao outro personalidades idênticas ao nosso pequeno círculo de amigo, amores e cães.
Agora eu sei! Quando recordo os relacionamentos que não deram certo, percebo que fiz justamente isso: senti ciúmes de mim de colocar outra pessoa no lugar de quem tanto amei.
Por isso precisamos do luto. Luto para quem nos deixou pela morte física ou pela morte espiritual do amor. E esse deve durar o período exato de não sentirmos mais esse "ciúme" estranho, que bem poderia ter outro nome. Eu não soube nomear esse sentimento. É um não querer colocar outro no lugar.
E ele persiste quando observo o olhar da minha pequenina Sury. Olhar indefinido, triste? Desconfiado? Enigmas...