Estranho Poema
Cotovelos pousados sobre a mesinha
As mãos encolhidas em desalento
Uma no rosto apoiada,
Outra desce a tinta sobre o papel.
Há uma urgência de me expor
Mas as chagas fizeram-se tão fundas
Que estou mudo.
Relembro, então, uma cena de infância.
O dia seco, quente, nublado,
Na vitrola, um disco de Sinatra.
Eu avistava da varanda
O negror das nuvens sobre a Catedral.
Não era chuva.
Não era medo.
Hoje sei que era tristeza.
Nasci assim,
Triste.
De onde arranquei esse ar solitário,
Essa incomodação de mulher todos os meses?
Queria ser diferente, diversa.
Olho as outras.
Parecem tão felizes!
Realizadas.
Hoje pintei as unhas de vermelho framboesa.
Sangro assim desde que nasci!
Cotovelos pousados sobre a mesinha
As mãos encolhidas em desalento
Uma no rosto apoiada,
Outra desce a tinta sobre o papel.
Há uma urgência de me expor
Mas as chagas fizeram-se tão fundas
Que estou mudo.
Relembro, então, uma cena de infância.
O dia seco, quente, nublado,
Na vitrola, um disco de Sinatra.
Eu avistava da varanda
O negror das nuvens sobre a Catedral.
Não era chuva.
Não era medo.
Hoje sei que era tristeza.
Nasci assim,
Triste.
De onde arranquei esse ar solitário,
Essa incomodação de mulher todos os meses?
Queria ser diferente, diversa.
Olho as outras.
Parecem tão felizes!
Realizadas.
Hoje pintei as unhas de vermelho framboesa.
Sangro assim desde que nasci!