Chegou uma das estações de que mais gosto no ano - o Outono!
Estou diante da tela vazia e branca do blog tentanto uma inspiração para escrever, enquanto rola "Lover, You Should've Come Over," de Jeff Buckley. A canção termina e nada vem, apenas o olhar de uma foto que vi dias atrás. Não sei porque me comove tanto, porque mexe comigo tão profundamente...
Lendo meus e-mails, li uma mensagem de uma outra amiga de muito longe a Erica e pensei, cinscunspecta, que Deus nos traz caminhos, mensagens através das pessoas, escreve em seus corpos sofridos, em seus olhares, as mesmas histórias em outros corpos... Seria uma revelação de algo que eu tenha que fazer em minha vida e só agora descobri?
Talvez esse seja o caminho que tenho a seguir?
Por isso até hoje não tenho encontrado as respostas certas para todas as minha dúvidas, meus desacertos, minhas insatisfações e vontades de mandar tudo pro alto.
Os livros chegam diversos em suas histórias e teorias e me aguçam a paixão por educar! Salvar? Curar?
O Outono nos cura todas as feridas por ser uma estação mais amena, fresca, colorida, de pouca chuva e céus intensos! Mas como me faz pensar esses dias... É como se eu mergulhasse numa taça de vinho tinto suave e visse as cores através de seu cristal bourbon. O perfume enebria a alma e o corpo pede o amor, aconchega-se na coberta leve de pele de carneiro. Fico horas a fio nessa comoção estática, pensativa, observando o dia virando noite.
As pessoas que passaram por minha vida voltam, não como fantasmas, mas como pedaços de retalhos de uma colcha que eu teci delicadamente. Bordei-os com os mais delicados fios e cores... e estão guardadas neste baú imenso de moça que faz seu enxoval. Resquícios das sinhás-moças, das fazendas de café e do leite puro mineiro.
Num instante, olho pela janela e vejo que a noite chegou logo neste dia - é o Outono trazendo suas canções, seus ares de lembranças, seus perfumes, a saudades dos que moram longe e das épocas que talvez fôssemos mais felizes.
(Esse texto vai lá para Fortaleza, para o meu amigo José Victor, que ainda não conhece o Outono daqui das bandas das Minas Gerais!)
(Créditos da foto João Prudente Pires)