quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A outra poesia do meu *outro eu...

Casamento

Eras uma presença branca
A louça de estréia
Comodamente colocada sobre a toalha de linho.
E você me falava das manhãs
Do seu fardo da profissão
Dos meninos inteligentes e de suas filosofias velhas.

Perguntavas-me como podiam saber tanto com tão pouca vida.
Deliciavas-te.
No sorriso meio de lado
A xícara de café feito na hora
Os lábios de um vermelho tênue beliscavam a sedução.

Vi tuas mãos nesta manhã
Enquanto tomava o meu café
A moça sentada, a cabeça baixa
Sôfrega.
Mas as mão...
As mãos teimavam em recobrar nossos dias idos.

As lembranças passam nas vitrines
As pessoas assistem às outras sentadas num café.
A praça movimentada num vai-e-vem de gentes.
Os prédios um ao lados dos outros.
Se tivesses falado do teu amor
Eu saberia ver na cidade
Os véus da minha inconsciência.

Eras linda nas tuas vestes diárias,
O cabelo sensualmente despencados
O colo, a testa, as orelhas
Ficavas absorta nas músicas que eu machucava no piano.
Varrias de um lado a outro
Rias das experiências que o meu ciúme atrapalhava.

À noitinha
Picavas o queijo de modo delicado
Colocavas tomates secos e pão de folha
Azeitonas pretas, rúcula
E o azeite,
Abrias o vinho.

Na minha casa mulher mandava.
Joaquim Lieberman

Um comentário:

  1. Adorei ... muito bom !!!
    no começo não li mas agora sei que vale a pena!!!!
    Beijo

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