terça-feira, 13 de abril de 2010

Isso não é sonho, foi aula!

Hoje dei uma aula especial... especialíssima pra dizer a verdade. Falando de amor e relacionamentos.... O texto do Flávio Gikovate, o Amor é fogo do Camões... Daí a conversa virou outra, sexualidade para constatar a idade dos deuses e virou também larica (que aprendi com você o significado), maconha, cocaína...

Triste constatação, meus alunos conhecem muito mais as drogas do que imaginava e pude ver também que há um comércio meio disfarçado na sala, nas idas ao banheiro, nos encontros no intervalo, nos aviõezinhos esquálidos...
Falei sobre minhas experiências com eles e de meus amigos que foram levados por elas. Falei de você meu, caro amigo José Victor, que muitos já te conhecem pelo meu blog. Invasão à sua privacidade? Sinto muito! Mas é por uma boa razão...
A conversa foi surgindo, as tristezas sendo contadas, e os amigos mortos enumerados, um a um, somamos 12 que as drogas levaram... Todos “na flor da idade”- que me permitam aqui usar um lugar-comum – na idade dos deuses, aquela em que eles podem tudo e têm a juventude todinha a seu favor, a saúde, a alegria de viver que aos poucos foi se tornando melancolia... Não sei por que me tornei assim?... pergunta tardia...
Em minha cabeça, sonhei com Axel Rose em seu November Rain e com a nova canção pra mim, Bed of Roses, deixando meus cabelos voarem com o vento dentro de um carro em alta velocidade, sentindo emoções necessárias para qualquer garoto de 15... Por que isso não basta? Foi a minha pergunta a eles?
... sei lá, só para experimentar, viajar, sentir fora do corpo, ter experiências... Foram as respostas e, coladinhas a elas, um garoto branco, meio pálido, corpo malhado, jeito maneiro, esperto: “é o jeito dona da gente fazer a vida...”
E o pior é que alguns caem nessa para curtir a juventude, por mais uma experiência,para curtir uma música um ídolo, por companhia necessária, para se ver dentro de um grupo, ser aceito ou por revolta, para se sentir longe de suas mazelas diárias, para fugir do desamor...
E o papo foi nascendo cuidadoso e as palavras foram vindo uma-a-uma, reveladoras... Não esperava tanto. Nem esperava o ar sem graça de quem antes estava astuto, sobejando virulência, marotice, malandragem... Nesses olhos eu vi lágrimas escondidas, até que o rosto se dobra sobre os braços e sozinha, ela escuta minhas últimas palavras. O sinal deu para que eu fosse embora e me virei para a mais falante, Gabriele, que tinha confessado tudo diante da sala que usara drogas todas as sextas e já fazia uns meses que não tocava nelas...eu lhe respondi que se a encontrasse “daquele jeito”, ia lhe dar uma coça bem ardida, como mãe ignorante cuida de filho, mas que às vezes é necessária uma boa sova!
Saímos, entre todos os outros colegas, fui observando as faces brincalhonas, as outras suspeitas, as trocas de carinho e a Gabriele me dizendo que nunca, jamais faria isso de novo, por minha causa... “Por causa da Senhora, dona, nunca mais uso drogas na vida!” peguei as suas mãos, dei-lhe um beijo carinhoso e me senti rainha, salvadora...
No caminho de volta à casa, soube qual era a minha função – era o de estar ali, naquele momento e em muitos outros que surgirão!

(Essa vai de aviãozinho para Fortaleza!!!)

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