quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Deus é triste!






















Subindo a estrada de Passos que me traz para casa.


Seis horas da tarde é uma hora singular. Simplesmente porque os olhos de Deus, com a cabeça baixa, nos observa, guarda sua ferramentas do dia... leva o rebanho para os currais. O sol deixa-se filtrar nas nuvens com brilho de cristal azul. Seriam as horas dos anjos?
Penso que não. Eles nos encontram muito tristes no final de mais um dia.
O ônibus desce lento pelas curvas de Minas. As suas montanhas azuis. O verde ameno das forragens nos morros bem próximo à estrada... gramíneas, flores do mato.
Percebi que Deus é triste.
As sombras do dia deitam-se em paz sobre a paisagem, descansam os olhos.
As casas perdidas no meio do sem fim. A fumaça encolhida  das chaminés rabiscam o ar limpo. Um boi perdido balança o rabo com prepotência - como se dissesse "eu estou aqui porque quero! Ninguém me leva de volta à casa."
Eu olho mais uma vez o espaço que quase toca o céu de tão alto.
Meus olhos estão parados, firmes, imóveis pela beleza.
Mas Deus é triste.
Sinto como se tivesse em despedida.
Talvez nem perdesse grandes coisas.
Deixaram Deus tão triste...
A paisagem muda com a marcha do ônibus.
Vai escurecendo aos poucos. Aos poucos vou deixando a tristeza de Deus no caminho e vejo que já é noite.
Um pouco da alegria que tenho volta porque o escuro faz a paisagem desaparecer.
Foi salvação.
Os anjos brincaram de tapar meus olhos...

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