domingo, 19 de outubro de 2008

Amor 1 X 0 Violência

Sempre que estamos sob a mira da violência nos perguntamos "por quê?".
É simples a resposta: "Porque não agimos pela emoção, pensamos com a lógica... ou, fomos bem criados, não enxergamos a mulher como um objeto de prazer e que pensa por si"...
Fazemos parte de um mundo de privilegiados, pois vemos no outro um ser igual, pensante, capaz de escolhas próprias, de paixões, amores, amizades, sentimentos vários...e sonho, muitos sonhos...
Não tenho nenhuma dúvida, toda a população desse meu país está perturbada com o desfecho do sequestro da menina Eloá! Estamos perplexos diante de tanta violência. Análises foram feitas sobre a psique do assassino - matou por amor!
Mas amor a quem?

Não, obsessão por uma idéia romântica de que não haveria mais ninguém que fosse capaz de substituir Eloá!

Ainda continuo torcendo por aquela velha frase tão desgastada, dita em folhetins e caderninhos de adolescente :

QUEM AMA, NÃO MATA!

Só se for de beijinhos!!!!

Gosto muito de um texto de Flávio Gikovate, que por muitos anos tenho usado em minhas aulas de Português. Agora é uma boa hora para relembrá-lo!
Vamos a ele!!!
O AMOR É O PRAZER DA COMPANHIA
Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início desse milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade,respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o Romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes até ocorre um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz, o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem desse século é parceiria. Estamos trocando o amor de necessidade,pelo amor de desejo.Eu gosto e desejo companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficarem sozinhas e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece o elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma.É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo,e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor,tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho,mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso .Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e de agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo,e não à partir do outro. Ao perceber isso,ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto as diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

Flávio Gikovate

Um comentário:

  1. Belo texto do Gikovate, Loreny:
    obrigada!
    A violência é algo que me deixa pasma, enojada, indignada... não parece algo digno de seres conscientes, como é o caso dos humanos. Nossa humanidade tem um longo aprendizado. Se os espíritas, umbandistas, egípcios, etc. estiverem certos, estamos ferrados. E o dharma então, que é o karma (carma, kharma? rs) coletivo?
    Vixe, vai sobrar pra todo mundo... Nós mulheres somos seres pensantes e não apenas objeto de prazer. Pelo menos algumas, né? rs
    Queremos dar e receber prazer. Somos inteiras e queremos parceiros também inteiros. A solidão nos ensina demais. Principalmente, a valorizar as boas companhias... Até mesmo nos ensina a não nos sentirmos sozinhos, porque sempre tem algo interessante a ser descoberto dentro de nós mesmos que nos tira do tédio.
    Sei lá, 1000 coisas, entende?
    Até quando uivamos pra lua nos sentimos plenas. Eu tinha um pôster no meu quarto que dizia mais ou menos assim:
    "Ao beijar a minha testa ficaste com minha estrela em tua boca, e tendo minha estrela em tua boca tu tens a mim e eu a ti, e assim, somos mútuos e fortes, unos e grandes, homem e mulher."
    Sou uma romântica incurável, porém sem medo de estar só...
    valeu!

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Quem não gosta de um carinho?!...