quinta-feira, 19 de julho de 2007

Poema Velho


Old Lyric

Neste ano o amor veio tarde
Desconheceu as estações.
Minha alma é um quarto escuro
Sem emoções
Só reconhece fios tênues de luz
Que entram pelas frestas do telhado.


Da cozinha escuto o som da água fervente
Borbulhante
Fogão moderno.
Tiro meus óculos
Descanso-os suavemente sobre o móvel
Vou coar café.
E neste espaço curto de tempo
Carrego toda a minha experiência.
Lembro de minha avó
E de quanto me pareço com ela.


Joaquim disse, entre seus sorrisos,
Que pareço uma mãe,
Matriarca antiga
De feição fechada e gestos delicados.
Sinto minha saia grande de outros tempos tocar minhas pernas
Voluptuosa...


Penso nos amores,
No tempo que se passou
Nos homens que estão por vir – sou mulher moderna!
Com saudades de ser velha,
Mulher antiga.


Vou em direção a casa do fundo
O cheiro perfumado do bolo avisa a arte –
Deixo de lado meu poema.
No caminho, a cachorra brinca alegre com a bolinha de pano,
O vaso abraça meu olhar com margaridas brancas,
O céu indeciso de Outono – será que chove ou faz frio?
Leio no passado da cidade empoeirada
Todos os versos que escrevi para um amor que se foi.

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